
No dia 19 de abril de 2025, o Allianz Parque, em São Paulo, foi palco de uma verdadeira celebração do rock e do heavy metal com mais uma edição impecável do festival Monsters of Rock. Reunindo lendas vivas do gênero, o evento entregou uma jornada sonora intensa e memorável, marcada por pontualidade, organização exemplar e performances arrebatadoras. A seguir, um mergulho detalhado em cada show, na ordem em que aconteceram nesta edição histórica de 30 anos do festival, realizado pela Mercury Concerts.
Stratovarius – Abertura com energia e precisão
A missão de abrir o festival coube aos finlandeses do Stratovarius, uma das bandas mais influentes do power metal europeu. Fundada em 1985, a banda ajudou a moldar o gênero com seu estilo melódico, técnico e épico. No palco do Allianz, Timo Kotipelto e companhia mostraram que ainda estão em plena forma. Clássicos como “Hunting High and Low” e “Black Diamond” incendiaram o público logo nas primeiras horas do dia, com destaque para a impecável performance do vocalista, que se mostrou em altíssimo nível. Uma abertura digna da grandiosidade do evento.
Setlist:
Forever Free
Eagleheart
World on Fire
Speed of Light
Paradise
Survive
Eternity
Black Diamond
Unbreakable
Hunting High and Low
Opeth – Complexidade e atmosfera no meio da tarde
Em seguida, o Opeth trouxe um contraste sonoro interessante com seu metal progressivo repleto de passagens atmosféricas, vocais guturais e limpos, além de estruturas musicais elaboradas. A banda sueca, liderada por Mikael Åkerfeldt, iniciou sua trajetória no death metal nos anos 90 e evoluiu para um som mais progressivo e experimental. O setlist transitou por faixas como “Ghost of Perdition” e “Sorceress”, conquistando tanto fãs antigos quanto novos ouvintes. A precisão técnica e a presença de palco hipnótica de Åkerfeldt foram destaques.
Setlist:
§1
Master’s Apprentices
§3
In My Time of Need
Ghost of Perdition
Sorceress
Deliverance
Queensrÿche – O peso do metal progressivo americano
Veteranos do metal progressivo norte-americano, o Queensrÿche foi o terceiro nome da noite, trazendo à tona toda a teatralidade e complexidade que os tornaram famosos nos anos 80. Com álbuns icônicos como Operation: Mindcrime e Empire, a banda entregou uma performance poderosa e emocional. “Eyes of a Stranger” e “Screaming in Digital” fizeram a plateia cantar em uníssono. O vocalista Todd La Torre mostrou-se um sucessor à altura de Geoff Tate, com uma performance vocal afiada e envolvente. Uma performance digna de celebração aos 30 anos do festival.
Setlist:
Queen of the Reich
Operation: Mindcrime
Walk in the Shadows
I Don’t Believe in Love
Warning
The Needle Lies
The Mission
Nightrider
Take Hold of the Flame
Empire
Screaming in Digital
Eyes of a Stranger
Savatage – O retorno triunfal aos palcos brasileiros
O retorno do Savatage aos palcos brasileiros foi um dos momentos mais aguardados do festival. A banda americana, conhecida por sua fusão de heavy metal com elementos teatrais e sinfônicos, foi aclamada por sua importância nos anos 80 e 90, além de ser precursora da Trans-Siberian Orchestra. A formação clássica mesmo sem Jon Oliva nos vocais, este que apareceu no telão junto com o irmão Cris Oliva em uma linda homenagem, entregou um set memorável, com faixas como “Hall of the Mountain King” e “Gutter Ballet” emocionando os fãs. A química entre os integrantes e a emoção no palco reforçaram o status lendário do grupo. Em um momento descontraído, o vocalista Zak Stevens chutou bolas de futebol para a platéia, o que divertiu o público. Marcante também a performance de “Handful of Rain”, pois uma leve chuva começou neste momento e parou logo após a música, dando um clima único para a performance.
Setlist:
The Ocean / City Beneath the Surface (intro)
Welcome
Jesus Saves
The Wake of Magellan
Dead Winter Dead
Handful of Rain
Chance
Gutter Ballet
Edge of Thorns
Believe (com homenagem a Cris Oliva e Jon Oliva no telão)
Sirens
Hall of the Mountain King
Europe – Muito além de “The Final Countdown”
Muitos esperavam apenas o clássico “The Final Countdown”, mas o Europe surpreendeu com um show energético e tecnicamente impecável. A banda sueca, formada em 1979, demonstrou toda a sua versatilidade, transitando entre o hard rock e baladas com grande maestria. Joey Tempest mostrou-se carismático e vocalmente afiado, enquanto John Norum deu um show à parte nas guitarras. Destaques para “Rock the Night”, “Carrie” e, claro, o hino que fechou o show com explosão de vozes do público.
Setlist:
On Broken Wings
Rock the Night
Walk the Earth
Scream of Anger
Sign of the Times
Hold Your Head Up
Carrie
Last Look At Eden
Ready Or Not
Superstitious (com trecho de “No Woman, No Cry”, de Bob Marley & The Wailers)
Cherokee
The Final Countdown
In Memoriam – Uma emocionante homenagem aos Monstros do Rock que já partiram
Um dos momentos mais emocionantes do festival aconteceu entre as apresentações, quando o telão exibiu uma belíssima homenagem às lendas do rock que já nos deixaram. Ao som de uma tocante versão orquestrada de “The Show Must Go On”, do Queen, o vídeo trouxe imagens de ícones como Lemmy Kilmister, Nick Menza, Chris Cornell, Chester Bennington, Joey Jordison, além de nomes brasileiros de peso como Andre Matos, Pit Passarell e Rita Lee. A sequência de tributos arrancou aplausos, lágrimas e suspiros da multidão, em uma verdadeira celebração à memória daqueles que moldaram a história do rock com sua arte e atitude.
Judas Priest – Metal Gods em estado puro
Quando o Judas Priest subiu ao palco, o Allianz explodiu. A lendária banda britânica, um dos pilares do heavy metal, entregou uma performance de tirar o fôlego. Rob Halford, mesmo aos 73 anos, impressionou com seu alcance vocal e presença imponente. O setlist foi uma aula de história do metal, com “Breaking the Law”, “Painkiller”, “Electric Eye” e “Hell Bent for Leather”. A banda, que influenciou gerações inteiras, provou mais uma vez por que é chamada de Metal Gods. A parte final do show quando o vocalista Rob Halford entra no palco com sua Harley Davidson é um momento mágico e sempre aguardado pelos fãs. O show deixou um gostinho de “quero mais”.
Setlist:
Panic Attack
You’ve Got Another Thing Comin’
Rapid Fire
Breaking the Law
Riding on the Wind
Love Bites
Devil’s Child
Crown of Horns
Sinner
Turbo Lover
Invincible Shield
Victim of Changes
The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (cover do Fleetwood Mac)
Painkiller
The Hellion / Electric Eye
Hell Bent for Leather
Living After Midnight
Scorpions – Encerramento com classe e emoção
Fechando o festival com chave de ouro, os alemães do Scorpions ofereceram um show recheado de clássicos e emoção. Com 60 anos de estrada, a banda é um verdadeiro ícone do hard rock mundial. Klaus Meine e Rudolf Schenker comandaram o espetáculo com carisma e energia, levando o público ao delírio com sucessos como “Rock You Like a Hurricane”, “Still Loving You” e “Wind of Change”. A apresentação foi um grande encerramento para uma noite que já era histórica. Destaque para o novo “Escorpião gigante” que surge no palco nos momentos finais. O novo cenário deu um show a parte e deixou o clima do show ainda mais envolvente.
Setlist:
Coming Home
Gas in the Tank
Make It Real
The Zoo
Coast to Coast
Medley com Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy’s Coming / Catch Your Train
Bad Boys Running Wild
Send Me an Angel
Wind of Change
Loving You Sunday Morning
I’m Leaving You
Solo de baixo e bateria
Tease Me Please Me
Big City Nights
Still Loving You
Blackout
Rock You Like a Hurricane
Conclusão: Um festival à altura da lenda
O Monsters of Rock 2025 foi mais do que um festival — foi um verdadeiro tributo à história do rock e do metal. A pontualidade dos shows, a estrutura impecável do Allianz Parque, o respeito ao público e as performances avassaladoras transformaram o evento em uma celebração inesquecível para os fãs. Um line-up lendário que entregou tudo o que se esperava — e muito mais. Que venham os próximos!
Agradecimentos mais do que especiais a Mercury Concerts e Catto Comunicação
Por Renan Dedivitis